quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Nasce uma ACADEMIA!



As letras, o público burguês e o mundo oficial se entrosavam numa harmoniosa mediania. (Antonio Candido, 2000: 119)

Chega mais perto e contempla as palavras - sempre nos convida aquele poema de Drummond. O caso aqui é convidar para chegar mais perto e contemplar os autores das palavras. Convidar à leitura do mestrado de Alessandra El Far, orientado por Lilia K. M. Schwarcz, feito livro em 2000, editado pela Fundação Getúlio Vargas com o apoio da Fapesp. Nele, Alessandra traça uma trajetória institucional da Academia Brasileira de Letras e suas vicissitudes ao sabor da política da voga. Política republicana dos primeiros anos, com seus favores ou suas negligências, que, nestes como em outros aspectos, remanescem da mal extinta monarquia, quando se tornam gritantes pelo caráter anacrônico e deslocado que assumem no novo regime. Ao longo do texto vamos formando a imagem da instituição como nicho privilegiado de produção e reconhecimento de prestígio em plena Belle Époque brasileira. Época que seria mais bela, diriam os propagandistas e pré-candidatos a Imortais, se o Brasil pudesse finalmente fundar uma academia investida da função, por exemplo, de definir e divulgar o "bom gosto" nas letras brasileiras. É o caso de política.

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